Ontem, pelas 19 horas, fugi do convento, de um momento para outro senti uma vontade súbita assim como o chamamento de Deus Nosso Senhor por algo doce. Saí, então pela porta de baixo, atravessei a rua deserta, desviei-me da estátua à direita e voltei a atravessar, tudo para que não fosse visto pelo PAF do seu luxuoso quarto com vista priveligiada sobre a zona ribeirinha da nossa cidade. Fui sugado repentinamente pelo sombrio caminho das trevas até finalmente entrar num café colorido e cheio de vivacidade. Logo de imediato cumprimentaram-me com gentileza e perguntaram com grande delicadeza do que era servido, ao qual respondi: "Uma bola de berlim, se faz favor!"; ao qual a contra resposta foi: "Bolas de berlim já não temos, agora só ali ao fundo da rua. Mas temos umas maravilhosas napolitanas de chocolate, veja veja!"; Ao ver tal luz sobre os meus olhos senti-me como nunca antes...senti-me tentado...pelo pecado...pela gula. E pequei! Paguei setenta moedas por aquela napolitana e comi-a toda, não sobrou nada, chupei-a até ao tutano! Posso ser frade, mas acima de tudo sou Homem e tenho direito a pecar como qualquer outro, nunca o poderei é confessar se não sou imediatamente expulso da Ordem da Figueira Branca por ter abandonado o Convento, mas confessar-me-ei ao meu Pai.
De volta, fiz o caminho inverso: caminho iluminado, atrevessar, esquerda, estátua, atravessar, porta de baixo e lá estava eu dentro do Convento outra vez. Niguém me viu, não vi ninguém... impossível, tenho a certeza!
Hoje o PAF sabia do que eu tinha feito...
Frade GUstavo LOurenço SOares